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MOVIMENTO

Greve no metrô de BH começa dia 11 de setembro

Por Maria Calaf, de Belo Horizonte, MG

Após duas assembleias, uma realizada no dia 29 de agosto e a outra na última terça-feira (05/09), está confirmada a greve dos metroviários de Belo Horizonte, a partir dia 11 de setembro, com escala mínima, por tempo indeterminado.

Essa será a terceira greve da categoria no ano. As duas primeiras se somaram às paralisações nacionais contra as reformas do governo Temer, que são duros ataques aos direitos dos trabalhadores. Já a greve que se iniciará segunda é parte da Campanha Salarial 2017/2018 e a medida foi necessária devido à insistência da empresa e do governo em manterem a proposta de 0,0% (zero por cento) de reajuste salarial.

A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) já recusou todas as outras propostas apresentadas pelo sindicato de melhorias do acordo coletivo. O argumento é a falta de recursos e a necessidade de aguardar a revisão do Plano de Emprego e Salário (PES).

A CBTU almejava para este acordo coletivo cortar benefícios, como reduzir o ticket alimentação/refeição, e parece não estar disposta a negociar o reajuste salarial. Por fim, comprometeu-se a manter as pautas sociais iguais ao disposto no Acordo Coletivo anterior, mas quer manter o salário igual também. Acontece que o reajuste de 0,0% equivale a redução do salário, já que houve um encarecimento do custo de vida, considerando que a inflação no ano anterior foi de 6,29%.

Aceitar o não reajuste hoje pode ser perder por muitos anos, pois mais difícil que ganhar o reajuste justo este ano é recuperá-lo no ano seguinte, pois infelizmente não se pode contar com a boa vontade da empresa e do governo em retirar hoje e recompensar quando voltar o crescimento econômico. E mesmo que houvesse intenção de repor depois, os impactos do não reajuste se dão desde já.

A greve nos outros estados

A CBTU hoje presta o serviço de transporte de passageiros por trilhos nas regiões metropolitanas de Belo Horizonte, Recife,  Maceió,  Natal e João Pessoa. Destes, Recife também fará uma paralisação de 48h, nos dias 14 e 15 de setembro.

O Sindimetro-MG informa que segue em contato com os outros sindicatos da base da CBTU, buscando maior unidade do movimento. Esse contato é muito importante, já que a entrada das outras unidades na greve é essencial para fortalecer a mesma. A unificação dos trabalhadores, seja do mesmo local de trabalho ou da mesma empresa é o que garante que todos saiam ganhando.

Ainda mais forte pode ser se houver a unificação com outras categorias, por isso o Sindicato também deve buscar se aliar com outros setores que estão em luta, como os metalúrgicos que paralisarão no dia 14 de setembro contra a reforma trabalhista. 

Greve em escala mínima

A greve convocada pelo Sindimetro-MG funcionará em escala mínima. Assim, a partir da segunda-feira as estações funcionam das 5h15 às 10h30. Aos sábados abrem apenas até às 9h. Funcionários da manutenção trabalharão por 4h e seguranças por 6h.

Esta foi a proposta feita pelo sindicato para evitar que recaiam novas multas ao mesmo, como ocorreu nas ultimas duas paralisações.

Na sexta-feira (08/09) ocorreu uma audiência no TRT para acordarem a escala mínima e no primeiro dia de greve, às 12h, sindicato e categoria discutem as exigências do TRT e fecham como funcionará a escala mínima para os dias subsequentes.

E como fica a população?

A notícia da greve do metrô já corre pela cidade desde a decisão tomada na primeira assembleia e nas estações os usuários questionam sobre a mesma. A preocupação é normal já que são cerca 200 mil passageiros/dia. Pessoas estas que precisam do metrô para chegarem em seus trabalho, escolas e demais compromissos.

Porém, apesar dos prejuízos que cada um sofre com a impossibilidade de se locomover pela cidade através do metrô, primeiramente Fora Temer! A culpa da greve é do Governo e da CBTU que querem cortar dos trabalhadores para recuperar o problema financeiro do país, enquanto os seus bolsos estão cheios de dinheiro. Assim, a greve é a alternativa que restou para os trabalhadores.

Em segundo lugar, é preciso que a população entenda que faz diferença quanto ganham aqueles de quem necessitamos do serviço, pois isto altera como o serviço será prestado, além de fazer diferença para todos os trabalhadores a precarização de uns. O rebaixamento salarial e perda de benefícios por uma categoria de trabalhadores facilita o rebaixamento do salário dos demais.

O apoio à greve dos metroviários deve se dar tanto pela solidariedade a estes trabalhadores, quanto pela necessidade de não deixar imperar a lógica de que pode-se retirar facilmente direitos e benefícios dos trabalhadores. É preciso exigir em conjunto mais respeito aos trabalhadores, cobrar melhorias e não aceitar ataques. Hoje são os metroviários que precisam do apoio, amanhã eles estarão apoiando aqueles que param indústrias, hospitais, escolas, telemarketings.

 

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