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CULTURA

Mulher maravilha: ficção, ou realidade?

WW-13695r Film Name: WONDER WOMAN Copyright: © 2017 WARNER BROS. ENTERTAINMENT INC. AND RATPAC ENTERTAINMENT, LLC Photo Credit: Clay Enos/ TM & © DC Comics Caption: GAL GADOT as Diana in the action adventure “WONDER WOMAN,” a Warner Bros. Pictures release.

Por: Alinne Brito, de Macapá, AP

O filme produzido na telona nos revela uma verdade maximizada da rotina de milhares de mulheres. De repente, pode-se pensar que existe um certo exagero nas cenas bem elaboradas e dirigidas pela Patty Jenkins, roteirista e diretora de cinema. De fato, mas ao serem traduzidas para um contexto real em nossa difícil vida, pareceu-me super natural. Quantas vezes fomos treinadas para responder às necessidades da sociedade e não às que de fato desejamos?

Por inúmeras vezes educadas a acreditar em títulos que não temos e que nem precisamos ter. A princesinha do papai, da mamãe, a garota mais bonita da escola, a mulher é inteligente, mas é feia. São muitos os rótulos e máscaras que vestem o corpo feminino. Arquitetado sobre os critérios impostos pelo capital e pelo patriarcado, que induzem a fantasiar sobre o mundo à sua volta e por que não sobre as relações, tal qual o homem idealizado nos contos de fadas em partes alimentadas por outras mulheres que sabem que esses homens aí não existem. Mas, acabam absorvendo esse contexto de opressão.

No filme, as mulheres amazonas foram criadas pelo Deus do monte Olimpo para cumprir uma missão, proteger a humanidade contra a corrupção de Ares, o deus da guerra e que, por fim, mata a todos do Olimpo.

Criamos paraísos que não existem. Diana tinha um título de princesa, cresceu em uma ilha chamada themyscira, lar das amazonas, aprendeu a lutar com as armas que tinha. Somos assim, lutamos com aquilo que nos dão, certo momento questionam o fato de algumas mulheres não conseguirem se libertar de um ciclo de violência por exemplo, mas não se questionam sobre que armas a sociedade deu para que essas mulheres lutem, ou sequer pensam as condições de luta. São iguais? São justas? Ou é mais fácil se isolar em ilhas criadas em um universo paralelo à realidade?

A personagem Diana foi treinada desde cedo para ser uma guerreira imbatível e, mesmo assim, em muitos trechos é interpelada com desconfiança, afinal não “cabe” a uma mulher deixar seu lar e parar o conflito,”lutando para acabar com todas as lutas”. Ao ‘invadir’ o parlamento, onde a figura feminina era proibida, ou quando em batalha, se de fato dará conta do recado enquanto que um atirador tem total crença dos demais à sua volta. Aqui na vida real sofremos com essa conduta machista também. Seja qual for o posto de trabalho que ocupamos, a pergunta sempre permanece: Será que ela consegue? Será que o ‘Carlos’, ‘João’, … não fazem melhor? Lidamos com expressões, ações que desqualificam a mulher.

A mulher luta todos os dias com situações parecidas como as do filme, com violência, opressão, descredito, sexualização da imagem e muitas são obrigadas a lutar. Diante dos fatos sociais, acabam meio sem escolha e precisam aprender a usar a auto defesa, por pura questão de sobrevivência, pois enfrentar o capitalismo e suas manifestações de opressão não tem nada de ficção, é a dura realidade das mulheres.

O protagonismo feminino tem sido comentado conforme o número de ataques que se tem sofrido por conta do tsunami conservador. Quanto mais ataques, há mais mulheres nas lutas. O 8M foi um prelúdio do que viria, a marcha a Brasília, naquele cenário de “guerra”, identificar no front camaradas com disposição, força, coragem, ousadia, insurgência não é ficção mesmo. A(s) mulher(es) maravilha(s) existe(m) de verdade!!!