Forças armadas nas ruas de Niterói

Por: Gustavo Fagundes, de Niterói, RJ

A manhã de quarta-feira (16) surpreendeu a cidade de Niterói não só pela baixa temperatura e dia cinzento, mas também pelas fardas verde oliva dos soldados das forças armadas. A Operação Dose Dupla contou com cerca de 2.600 pessoas, sendo 350 policias civis, 250 policiais militares e todo restante de militares do exército e marinha. Segundo informações da Secretaria de Estado de Segurança Pública, o objetivo da operação foi prender 26 pessoas, apreender dois menores e cumprir 34 mandados de busca e apreensão. A ação teve como foco prioritário seis favelas: Ititioca, Igrejinha, Atalaia, Preventório, Caramujo e Grota.

Não é a primeira vez que o Governo do Estado do Rio de Janeiro solicita apoio federal para combater o crescente aumento da violência. Já se tornou cena corriqueira soldados das forças armadas em atuação conjunta com policiais militares.

Números da violência
Segundo o Instituto de Segurança Pública, os roubos a comércio aumentaram mais de 45%, se comparados os quatro primeiros meses de 2017 com os do ano passado. Enquanto roubos de celulares e carros subiram quase 40%. Infelizmente, a solução encontrada pelo prefeito Rodrigo Neves é promover o armamento da Guarda Municipal, inclusive anunciou no final de 2016 que seria realizado um plebiscito para debater a questão. Entretanto, a Prefeitura já iniciou a compra de armas letais.

Crer na solução através de mais armas de fogo nas mãos dos agentes públicos é desconhecer a relação direta entre a crise econômica e todo o caos social gerado com a enorme taxa de desemprego e a falta de perspectiva causada em milhares de jovens.

O crescimento da onda de violência e, em paralelo, a manutenção da repressão militar como única opção expõem a flagrante falência do atual modelo de segurança pública. Esse projeto prova na realidade não só ser incapaz de diminuir os índices de criminalidade e dar fim à sensação de insegurança, como também é responsável pelo terror causado nas favelas da cidade, além de reforçar a chamada guerra às drogas, mecanismo utilizado pelo Estado para assassinar jovens negros e pobres nas periferias de todo país.

É urgente a elaboração de um novo modelo de segurança e que esse passe diretamente pela legalização das drogas e desmilitarização da polícia militar.

Foto: Reprodução Facebook