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BRASIL

OPINIÃO | Distritão: o novo nome do coronelismo

Brasília- DF 09-08-2017 Reunião da comissão de reforma política na câmara. Relator Vicente Cândido. Foto Lula Marques/AGPT

Por Jorge André Silva, Comitê Popular Urbana e Frente Povo Sem Medo Pará*

Na madrugada, na calada da noite, blindados pela alienação e desmobilização dos que aplaudem tudo o que for contra o povo, calando ao que a Globo cala e sorrindo ao que sorri a elite, o governo Temer institucionaliza o coronelismo.

Organizar o povo para compreender e resistir à essa tentativa de tornar a política nacional um campo exclusivo para poderosos, endinheirados e possuidores de poder oligárquico é de uma urgência cada vez mais evidente.

Desde 2013 a população brasileira, agitada por diversas pautas, esteve nas ruas do país exigindo mudanças profundas na sociedade e, especificamente, no sistema político. Muitos já estavam nas ruas ao longo das décadas anteriores, lutando por avanços sociais e contra diversos governos, políticos e corruptos de várias origens. Outros saíram direto da inércia para combater de forma acrítica tudo o que lhes fosse apontado como alvo.

O resultado mais gritante desse processo foi o fortalecimento dos discursos mais moralistas dos personagens mais sem moral do país, acompanhado da mais bem feita consolidação de forças nefastas dos principais calhordas, corruptos, ladrões e caras-de-pau do cenário político, em um plano de demolição geral de todas as conquistas alcançadas pelas lutas por um Brasil menos desigual.

A aprovação da alteração na legislação eleitoral que cria o DISTRITÃO é a consolidação do poder dos coronéis, dos milionários esquemas de campanhas de marketing, do poder dos donos de rádios e TVs sem licitação, da influência irrefreável dos donos de partidos de aluguel, enfim… é a síntese do projeto de elitização da política brasileira.

*O futuro indicado por isso?*
*_A perpetuação dos corruptos no poder!_*

O silenciamento total dos que estão ao lado dos que não tem casa, dos desempregados, das mulheres, das ditas minorias que compõe a maior parte da população e dos que não se vendem ao poder financeiro, em outras palavras: o silenciamento dos que estão fora dos grandes esquemas.

Na prática ficamos com muito menos chances de vermos eleitos índi@s, pret@s, professor@s, ativistas, estudantes, favelad@s, mulheres, pobres, pequen@s agricultores, pensador@s.

É objetivo desse tipo de deformação na legislação que exista cada vez menos influência nas políticas públicas as elaborações construídas pela luta a favor da reforma urbana, pela universalização da educação de qualidade, pelo acesso a direitos básicos, garantia de igualdade social e econômica, combate a desigualdade e ao racismo/machismo/homofobia.

O que se avizinha é mais Sarney´s, Barbalho´s, Jereissati´s, oligarquias, latifundiários, poder a mega empresas e bancos internacionais.

Para frustrar estes planos a população deve buscar e receber mais informação, mais compreensão política, mais discussão sobre sua realidade, precisa de novos meios de acesso à informação e deverá organizar-se para escolher seus representantes entre aqueles que realmente lutem em seu favor.

O distritão é o verdadeiro golpe dentro do golpe.
Afinal… ninguém rouba o poder para passar 6 meses!

*Este artigo reflete a opinião do autor e, não necessariamente, a linha editorial do Esquerda OnlineFoto: Brasília- DF 09-08-2017 Reunião da comissão de reforma política na câmara. Relator Vicente Cândido. Foto Lula Marques/AGPT