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OPINIÃO | Não basta ocupar Brasília, é preciso que o 24M seja um grande dia de greves, paralisações e atos nas cidades

31/03/2017- Recife -PE, Brasil- Manifestantes protestam contra a reforma da Previdência, reforma trabalhista e o projeto de lei da terceirização . Foto: Sumaia Villela/Agência Brasil

Por: Luiz Henrique e Will Mota, de Belém, PA

O dia 28 de abril foi gigantesco, sem dúvida alguma, a maior mobilização da classe trabalhadora brasileira organizada nos últimos 30 anos. Considerando o tamanho do Brasil e as dezenas de milhões de trabalhadores que pararam, foi umas das maiores manifestações dos últimos anos no mundo inteiro. Paramos setores estratégicos da economia capitalista: a produção de mercadorias nos setores da indústria, e causamos um prejuízo estimado em R$5 bilhões no comércio. Um feito e tanto.

Entretanto, na contramão do que os ativistas esperavam, as centrais sindicais majoritárias do país (CUT, CTB, Força Sindical) não chamaram uma nova Greve Geral, mas sim uma Caravana a Brasília no dia 24 de maio. Apesar do ato unificado na capital federal ser importante, é uma ação inferior a uma greve geral, como a de 28 de abril. O momento é de avançar e não de recuar. Os empregados do setor privado muito dificilmente irão, por medo de perder o seu emprego. No serviço público, há desgaste em diversas categorias, fruto de duras greves em 2015 e 2016 sem conquistas reais, e sobre a juventude ainda paira a derrota ocorrida na Caravana a Brasília contra a PEC 55.

O que se observa é um escancarado processo de luta de classes, onde a burguesia tenta impor os seus planos de retirada de direitos trabalhistas e previdenciários históricos, operando um retrocesso nunca antes visto, pulverizando a organização dos trabalhadores, e individualizando as relações trabalhistas por meio do acordado acima do legislado. A ferramenta mais potente dos estratos subalternos é a Greve Geral, por paralisar a economia. Causa prejuízos bilionários à classe dominante e mobiliza o conjunto das massas exploradas.

Nesse sentido, a ida a Brasília deveria ser parte de uma jornada de lutas que precisaria ter como ápice a construção de dois dias de greve geral, mais fortes inclusive do que foi o dia 28 de abril. Do jeito que está, sem estar articulada com a nova greve geral e sem as centrais majoritárias sequer estarem jogando todo o seu peso para a própria caravana, acaba por delegar a responsabilidade de barrar os ajustes a uma pequena parcela do movimento social que conseguirá viajar na Caravana. Apesar do simbolismo do ato na frente do Congresso ser grande, há muitas formas do governo desmobilizar a ação do movimento, seja alterando a pauta do dia, ou parando os ônibus nas estradas, ou pela pura repressão policial. Sem contar que irá se gastar enormes recursos financeiro e humano que poderiam ser melhor empregados na luta contra os desmontes sociais.

O indicativo das centrais sindicais de convocar uma nova greve geral de 24 ou 48 horas em junho pode ser tarde demais. É provável que até lá, já se tenha sido aprovada a contrarreforma Trabalhista no Senado, e a contrarreforma da Previdência na Câmara. Como na política, o fator tempo é mais do que fundamental, adiar as ações da classe por tão longo período pode ser um erro irreversível.

Assim, a Esquerda Radical, os ativistas dos Movimentos de Juventude, Popular e Sindical devem transformar o dia 24 de maio em um verdadeiro dia de greves, paralisações e atos unificados por todo o Brasil. A CSP-Conlutas, a Intersindical e os sindicatos combativos devem chamar paralisações em todas as suas estruturas, e os militantes devem pressionar as bases dos sindicatos ligados às centrais majoritárias, como CUT, Força e UGT para que chamem assembleia nas categorias e também aprovem o 24M como dia de greve contra as reformas de Michel Temer.

O processo de construção da greve geral ganhou corações e mentes de ativistas de várias gerações. É preciso ter dimensão histórica do que representa os ataques colocados: é um retorno para o capitalismo industrial selvagem do século XIX. Mas é preciso também ter em mente que é possível derrotar nas ruas as reformas e o governo. Devemos ser ousados, o espírito de luta da juventude e dos trabalhadores é enorme. Temos que superar a atual direção do movimento de massas e não só ocuparo Planalto Central, mas também a Paulista, a Cinelândia e o Brasil inteiro.

A força dos explorados e oprimidos quando organizada é irresistível. Que o dia 24 seja não só o dia de ocupar Brasília, mas um grande dia de greves, paralisações e atos para encurralar de vez esse governo ilegítimo.

Foto: 31/03/2017- Recife -PE, Brasil- Manifestantes protestam contra a reforma da Previdência, reforma trabalhista e o projeto de lei da terceirização . Foto: Sumaia Villela/Agência Brasil

*O texto representa a opinião dos autores e, não necessariamente, a posição oficial do Esquerda Online.