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EDITORIAL

Derrota do Governo no Congresso

Brasília – Plenário da Câmara dos Deputados rejeita o requerimento de urgência da proposta de reforma trabalhista (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)

 

Editorial 19 de abril

Derrota do governo nas votações de ontem (18) mostra o crescimento da instabilidade no Congresso Nacional. O presidente Michel Temer é o presidente com o menor apoio popular da história do Brasil. Quase 80% dos brasileiros não confiam nele. A única coisa que o mantinha no poder era o apoio do Congresso Nacional. As votações desta terça mostram que a maioria do governo no Congresso está ameaçada.

O relatório sobre a Reforma da Previdência não pôde ser apresentado na Câmara dos Deputados nesta terça-feira (18) por falta de quórum. O governo havia mudado alguns pontos da reforma, como colocar pessoas a partir 30 anos nas regras de transição e mudar de 49 para 40 anos o tempo de contribuição para aposentadoria integral. Mesmo assim, segundo levantamento do jornal O Estado de São Paulo, até a manhã desta quarta-feira, 275 deputados eram contra a reforma.

Além disso, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, não conseguiu aprovar o requerimento de urgência para que o projeto de lei da Reforma Trabalhista fosse direto para o Senado. Ele precisava de 257 votos e teve 230. É possível que ele tente de novo e talvez ganhe, mas isso vai aumentar ainda mais o desgaste. Afinal, esta reforma acaba com direitos como jornada de 44 horas e férias.

O quadro é bem diferente do ano passado, quando Temer aprovou o congelamento dos investimentos sociais por vinte anos com uma larga margem no Congresso. Naquela época, Temer conseguiu 359 deputados e 53 senadores para aprovar sua proposta. Isto em meio a mais de mil ocupações de escolas.

Alerta: Rodrigo Maia faz manobras para reverter derrotas
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, quer aprovar hoje ou nos próximos dias o requerimento de urgência da Reforma Trabalhista e o relatório da Reforma da Previdência. Isso mostra o quanto este Congresso é antidemocrático. Quando uma proposta que interessa aos empresários e banqueiros é derrotada, eles votam de novo até aprovar. Se fosse um projeto de interesse popular, isso não aconteceria.

Deputados e senadores estão com medo
Temer já desistiu de ter apoio popular. Ele foi colocado no poder pelos grandes empresários e pelo Congresso, que há um ano preferiu fazer o impeachment do que chamar novas eleições, como queria a maioria do povo. Como não quer se reeleger, ele promove a retirava de direitos sem pudor para agradar os poderosos. Mas com os deputados e senadores, a situação é diferente.

Estamos a um ano e meio das eleições e os deputados e senadores têm amor a seus mandatos. Vários deles não estão mais dispostos a se desgastar com a aprovação de medidas impopulares. Depois que 500 mil pessoas foram às ruas no dia 15 de março contra as reformas, eles sentiram a pressão da população.

Ontem mesmo, a Câmara dos Deputados foi ocupada por policiais civis e federais, que serão atingidos pela Reforma da Previdência. Isso mostra que a vida dos parlamentares não será nada fácil nos próximos dias.

Dia 28 será decisivo
Não podemos nos acomodar. Para daqui há nove dias está marcada uma greve geral contra as reformas. Se ela for grande e tiver muito apoio, a situação política do país pode mudar. A responsabilidade das direções sindicais hoje é grande.

A última plenária nacional dos trabalhadores dos transportes decidiu pela greve geral. Metroviários e Rodoviários de São Paulo já confirmaram a participação. Professores estaduais e municipais, metalúrgicos, bancários e outras categorias também vão parar na maior cidade do país. Isto é uma amostra do que pode acontecer em todo do Brasil.

Nosso futuro depende de nossa mobilização. O momento é decisivo, são os direitos de uma geração inteira que estão em jogo. É hora de partir para cima.

Foto: 18/4/2017- Brasília- DF, Brasil- Plenário da Câmara dos Deputados rejeita o requerimento de urgência da proposta de reforma trabalhista. Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil