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BRASIL

Amanhã vai ser maior?

Por Gabriel Santos, de Maceió, AL

O 15 de março fica como um exemplo para todos os lutadores sociais do Brasil. Passado uma semana do mesmo, ainda temos na memória os atos multitudinários, as paralisações, as greves, as palavras de ordem. Lembro do momento em que o ônibus passou pela praça que seria o local do ato, eu e minha companheira nos olharmos e ela me disse “vai ser gigantesco”. Diversas categorias pararam. Metróviarios, professores, servidores públicos, carteiros, foram vanguarda de um dia que animou o coração e mentes dos lutadores.

Sim, o 15M teve como principal consequência a recuperação da confiança. Em exatos dois anos depois das manifestações da direita onde se pediam o impeachment, foi a nossa vez de ir ás ruas. A classe trabalhadora lotou as ruas do país. Cerca de um milhão de pessoas animaram a conjutura e mostraram que sim é possível derrotar medidas do governo Temer.

Mas, sem dúvida, é preciso avançar, ir além.

Nós nos enchemos de esperança, e a esperança encheram as ruas. Porém, é preciso lembrar que ainda não vencemos. Sem sombra de dúvida, Temer, seus aliados e a burguesia nacional, dormiram preocupados, mas ainda não abandonaram seu projeto de reforma. Nós abalamos momentaneamente as estruturas, mas é preciso por o prédio abaixo. Ainda há muito a ser feito, precisamos fazer mais.

Porém, exato uma semana depois do 15M, o congresso aprova a PL da Terceirização. O maior retrocesso na esfera do direito trabalhista da história de nosso País. A CLT, uma conquista histórica da nossa classe, foi rasgada. Isto erve para lembrar de uma coisa, o placar deste jogo esta favorável a burguesia, nós estamos perdendo.

Unidade da classe trabalhadora, pela Greve Geral!

O dia 15 mostrou o caminho. Numa conjuntura como esta, pensar em combater os ataques do governo federal e do congresso sozinho é o atestado de óbito de qualquer organização de esquerda. É preciso a mais ampla unidade com setores que tenham influência sobre a classe trabalhadora.

A lição que o dia 15 deixa é que é preciso unificar as forças. Seja através da unidade de ação, ou da conformação de uma Frente Única. Apesar das diferenças, todos aqueles que lutam contra Temer e as medidas da burguesia, acabam sendo aliados e estando do mesmo lado da trincheira. Do outro lado, estão a mídia, o governo, a casta de políticos, os grandes empresários, os banqueiros, os ricos e poderosos.

Não podemos deixar que o sentimento de revolta criado pelo 15M se perca. O governo do PMDB junto do congresso, buscou antecipar outras votações, visto que a Reforma da Previdência é a medida mais impopular de toda uma série de ataques. A burguesia quer deixar o tempo passar e acalmar o jogo.

Sendo assim, uma Frente Única é a saída mais acertada. É preciso fazer exigências as principais centrais sindicais do país, a CUT e a CTB, para que elas chamem para um calendário unificado de atividades, realizando plenárias de base por todo o país. Somente assim podemos construir uma Greve Geral contra as medidas de Temer e do congresso.

Sem dúvida, o dia 15 foi um passo importante na construção de uma Greve Geral, ainda mais num país continental como o nosso, onde dado o desenvolvimento desigual e as diferentes realidades de cada local são desafios a mais. É preciso construir comitês nos locais de trabalho, moradia e estudo, que lutem contra a Reforma da Previdência e demais ataques que estamos sofrendo. Para isto vai ser preciso a mais ampla unidade.

Os objetivos de cada grupo político e central também são obstáculos na luta contra Temer. Algumas forças vão tentar fazer da luta contra a reforma da previdência um palanque eleitoral para as eleições do próximo ano.

Lula 2018?

Falar sobre o dia 15 e não falar sobre Lula é um erro. Não dá para fingir que ele não estava lá. Não da para fingir que sua figura mobiliza milhares de trabalhadores, como ocorreu no último final de semana no sertão da Paraíba. E que seu nome é o principal para concorrer a presidência em 2018. Não da para fingir que CUT e o PT não são as principais forças mobilizadores do conjunto da classe em todo o País. Por isso, falar sobre Lula 2018 é complicado.

O maior erro no caso, é se negar a falar. É fingir que 2018 esta distante, que não interessa. Dessa forma, o debate eleitoral fica vazio, facilitando para a direita ou para as velhas direções, como Lula.

Assim como não podemos fingir que Lula não é a maior figura diante do movimento de massas, não podemos cair no outro extremo, fingindo ou esquecendo o que foi os anos do governo do PT. E o que é o PT hoje. O PT não vai abandonar seu projeto de conciliação de classes. Porque essa é sua estratégia de poder. Governar junto da burguesia, dando concessões para a classe. Mesmo após o Golpe, o partido se aliou em diversas cidades com o PMDB, DEM e afins, durantes as eleições municipais.

Se o projeto estratégico do PT é um crescimento fundado na conciliação de classes, a esquerda socialista, também precisa por seu debate estratégico em pauta. Se queremos pensar um nome para 2018, temos que começar a pensar o programa. Um programa que seja a esquerda do PT. Um programa que coloque que os ricos paguem pela crise, com uma saída da mesma via um projeto verdadeiramente popular, que convoque a população para decidir sobre as reformas do governo Temer, e que, ao mesmo tempo, contribua para a reorganização da esquerda no país, superando o lulismo.

Antes de debater o nome, temos que pensar que programa queremos nas urnas. Essa é a questão. 2018 esta logo ali, e a esquerda socialista precisa agir rápido.

Foto: Felipe Giubilei / Mídia Ninja

 

Obs : O texto representa as posições do autor e não a linha editorial do site Esquerda Online. Somos uma publicação aberta às opiniões e polêmicas da esquerda socialista.

Marcado como:
15M / lula 2018 / reformas