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OPRESSÕES

Cruzeiro entrará em campo, no 8 de março, com camisas sobre realidade das mulheres

Da Redação

Nesta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, a equipe de futebol do Cruzeiro, de Minas Gerais, divulgou uma ação inusitada para o futebol masculino. Todos os jogadores entrarão em campo contra o Murici, de Alagoas, com camisas que problematizam a opressão à mulher no Brasil. Os números das camisas indicarão dados de como se expressam as desigualdades e a violência sofrida pelas mulheres. A campanha foi divulgada nas redes sociais acompanhada da hashtag #VamosMudarosNúmeros.

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As camisas divulgadas pelo Cruzeiro indicam: A cada 2 horas uma mulher é morta; trabalham quase 3 vezes mais nas tarefas de casa; 5º país em taxa de feminicídio (o Brasil); de cada dez desempregados, 7 são mulheres; a cada dez jovens, 8 sofreram assédio; apenas 9 em cada cem deputados; três em cada 10 já foram beijadas à força; a cada 11 minutos, um estupro; apenas 12% dos prefeitos no Brasil; 17% dividem o presídio com homens; apenas 22% dos parlamentares no mundo; não há vereadores em 23% dos municípios.

Há quem diga que o mundo do futebol é um bom exemplo para a problematização da luta pelos direitos das mulheres. Desde a falta de incentivo ao futebol feminino, aos desiguais salários, o machismo no futebol se expressa também nas arquibancadas, nas torcidas, nas expressões, até nos escândalos envolvendo jogadores, como o caso do goleiro Bruno, ex-Flamengo, condenado pelo assassinato de Elisa Samúdio.

O ex-jogador, apesar de condenado pelo crime, teve liberdade concedida às vésperas da comemoração do 8 de março, trazendo à tona diversas problematizações nas redes sociais e no movimento feminista sobre como agir diante de casos como esse. A realidade é que, logo em seguida, diversas equipes de futebol demonstraram interesse em sua contratação. Mais do que a discussão sobre reabilitação de quem comete crimes, o fato é que a manifestação de interesse dos clubes e de uma torcida ovacionada, se dá sem nenhuma consideração sobre o caso de violência brutal à mulher causado pelo goleiro, como se matar mulheres fosse algo que não merecesse uma vírgula sequer. Dessa forma, a atitude de alguns clubes só reforça a naturalização dos feminicídios e do machismo no mundo do futebol.

O futebol pode ser inimigo, ou um grande aliado na luta contra o machismo. E assim deve ser encarado de forma consequente pelas grandes equipes de futebol.  A equipe do Esquerda Online parabeniza a ação do Cruzeiro, diante de todo esse cenário e chama todas as equipes a se espelharem nesse exemplo tão necessário ainda nos dias atuais.