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MOVIMENTO

Professores e servidores da UFRGS repudiam postura do governo Marchezan que ataca a educação

NOTA DE APOIO ÀS/AOS PROFESSORAS/ES DA REDE MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE E REPÚDIO À POSTURA DO PREFEITO, NELSON MARCHEZAN Jr. E DO SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO, ADRIANO NAVES DE BRITO, QUE RETIRA DIREITOS D@S TRABALHADOR@S

Ao final do mês de fevereiro de 2017, às vésperas do reinício das aulas em reunião de diretor@s e vice-diretor@s das escolas municipais com o Secretário Municipal da Educação de Porto Alegre, colegas professoras/es foram surpreendidas/os pela decisão da prefeitura de alterar o horário de trabalho nas escolas, reduzindo o tempo de convivência com as/os estudantes, o tempo de reuniões pedagógicas e de estudo/preparação de aulas.

Nós, servidores públicos federais (técnic@s administrativos/as em educação e professor@s) da Faculdade de Educação da UFRGS, viemos a público manifestar nossa indignação com a atitude dos gestores municipais e expressar nossa solidariedade às/aos colegas professoras/es municipais em luta contra esse retrocesso no processo pedagógico! Sem possibilitar discussões prévias com a comunidade escolar, a prefeitura altera a vida de crianças, adolescentes e suas famílias, trabalhador@s da cozinha/refeitório e professor@s: fere a democracia e a autonomia das escolas!

Quem são e como trabalham as/os professoras/es municipais? Companheir@s morador@s de distintas regiões da cidade lecionando, por vezes, no extremo oposto da cidade – as escolas municipais todas estão na periferia – as/os colegas já perdem no trajeto casa/escola/casa, porque o deslocamento é trabalho não pago; por vezes, essa distância também implica em dificuldade para a formação continuada.

Mesmo assim, em nossas turmas do pós-graduação sempre contamos com dedicad@s professor@s da rede municipal preocupadas/os em prosseguir o processo de formação.

A proposta da prefeitura que retira o direito de compensação, irá dificultar ainda mais a possibilidade de continuidade dos estudos destas/es professoras/es. Chamar de folga o tempo de planejamento, seja ele individual ou coletivo, é um profundo desconhecimento das necessidades do processo pedagógico! É investir na redução da qualidade da educação; são inverdades o que diz o secretário quando distorce a realidade para reduzir o tempo na relação estudante/professor@ e entre @s professor@s. Mas é mais…

Quem são @s estudantes da rede municipal? Morador@s da periferia urbana, regiões de muita precariedade – saneamento, calçamento, moradia, saúde, lazer, assistência social, educação, espaços de cultura, transporte, iluminação, segurança… Todos direitos adquiridos e não garantidos pelo poder público. Regiões em que a população sofre diariamente com política de segurança pública que criminaliza a pobreza e destrói famílias, além dos inúmeros problemas causados pelo tráfico. Crianças que muitas vezes têm na escola a alimentação mais consistente e no abraço e na atenção d@s professor@s um afeto imprescindível! Que falácia o discurso de que estão focando nos estudantes, se
reduzem o tempo de convivência destas/es com as/os professoras/es!

Que foco é esse que retira a acolhida que cada professor@ faz com sua turma, levando para o refeitório e encaminhando-@s às suas salas para as aulas que iniciam às 7h30min da manhã! Acaso não sabem que não há espaço nos refeitórios para que crianças e adolescentes tomem café e almocem sentad@s com dignidade? Desconhecem o número insuficiente de trabalhador@s na merenda e no refeitório para acolher @s estudantes nas refeições? Ficamos nos perguntando se o secretário e o prefeito já estiveram em uma escola pública. Conhecem os refeitórios e os pátios? Que noção têm da convivência de crianças de anos iniciais sozinhas durante as refeições e no recreio?

Repudiamos a postura do secretário que demonstra absoluto desconhecimento sobre a rotina das escolas e as possibilidades de que crianças e adolescentes permaneçam sozinhas nos espaços da escola. Não sabe também os horários de início e final das aulas? Não compreende as reuniões de planejamento e o tempo de preparação do trabalho pedagógico como inerentes e essenciais à qualidade da educação escolar? Que enorme retrocesso!

Nos solidarizamos com a luta d@s companheir@s professor@s e nos somamos às suas vozes reivindicando que seja sustado tão absurdo decreto e que qualquer alteração na rotina das escolas e/ou na vida funcional das/os trabalhadoras/es da educação seja minuciosamente discutida com a comunidade escolar e as representações das categorias de trabalhador@s envolvid@s.

TODO APOIO À LUTA D@S TRABALHADOR@S DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE PORTO ALEGRE.

EM DEFESA DA ESCOLA PÚBLICA CLASSISTA, AUTÔNOMA E DEMOCRÁTICA! NENHUM DIREITO A MENOS!

Porto Alegre, 02 de março de 2017.

Assinam:
Docentes e Servidores Técnico-Administrativos da Faculdade de Educação da UFRGS
Adriana da Silva Thoma
Alessandra Virgínia de Oliveira
Aline Cunha
Ana Cláudia Ferreira Godinho
Antonio Marcos Teixeira Dalmolin
Carla Beatriz Meinerz
Carmem Gil
Cesar Valmor Machado Lopes
Clarice Salete Traversini
Conceição Paludo
Crediné Silva de Menezes
Dilmar Luiz Lopes
Eunice Kindel
Evandro Alves
Fabiana de Amorim Marcello
Fernando Seffner
Flavia M. Teixeira dos Santos
Francisco Egger Moellwald
Gabriel de Andrade Junqueira Filho
Heloisa Junqueira
Jane Felipe de Souza
Juca Gil
Laura Souza Fonseca
Leandro Rogério Pinheiro
Liliana Passerino
Liliane Ferrari Giordani
Luciana Gruppelli Loponte
Luciana Piccoli
Luciano Bedin da Costa
Luís Henrique Sommer
Magali Mendes de Menezes
Maria Luisa M. Xavier
Maria Luiza Rodrigues Flores
Marie Jane Soares Carvalho
Máximo Daniel Lamela Adó
Natália Gil
Nelton Luis Dresch
Nilton Mullet Pereira
Rodrigo Lages e Silva
Roselane Zordan Costella
Sandra dos Santos Andrade
Sandra Mara Corazza
Simone Bicca Charczuk
Vera Maria Vidal Peroni

Arte baixada do facebook do Alicerce Municiparios