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EDITORIAL

Manifestação em Barcelona leva centenas de milhares às ruas pela abertura das fronteiras aos imigrantes!

Manifestação em Barcelona com a “sem mais desculpas, vamos acolher agora!” Foto: JOSEP LAGO / AFP

Por Victor Wolfgang Kemel Amal, de Florianópolis(SC)

 

No dia 18 de fevereiro, em Barcelona, cerca de meio milhão protestaram em favor de um maior acolhimento dos refugiados advindos do Oriente Médio e África na Europa. Ecoando as palavras de ordem Não mais mortos! Abramos as fronteiras! e Queremos Acolher! Nenhum ser humano é ilegal, os catalães protagonizaram o maior protesto do continente em defesa da entrada de refugiados. O ato foi organizado pela “Casa Nostra, Casa Vostra”, uma frente de partidos e movimentos sociais em favor da causa. Mais de 200 entidades participaram da marcha e todos os partidos catalães apoiaram a manifestação (à exceção do direitista Partido Popular [PP], que é o partido do governo nacional).

Entre as principais pautas do ato, estava o cumprimento por parte do governo da Espanha e do estado da Catalunha em receber a cota mínima acordada com os demais países da União Europeia. Em 2016, eram para ter entrado 17 mil refugiados no território espanhol, sendo que só entraram 609. No estado catalão foi votado o recebimento de 4.500, sendo que apenas chegaram 200. Contudo, este era o programa mínimo e imediato do ato. As pautas defendidas entre os manifestantes incluem programas de resgate os refugiados que morrem no mar Mediterrâneo tentando chegar na Europa; o fim dos campos em que os imigrantes vivem em condições sub-humanas; a legalização do visto dos que já chegaram; entre outras.

Contudo, existiam limites claros na direção do movimento e no Manifesto publicado pelo “Casa nostra, Casa vostra”. Está certo que critica, sim, a repressão e o endurecimento na acolhida de refugiados promovida pelo governo do PP. Entretanto, além de não denunciar enfaticamente a política da União Europeia que estipula uma reduzida porção de refugiados à serem recebidos por cada país, ínfima em comparação com a dimensão da crise; tampouco incluí à revisão total da Lei de Estrangeiros, lei que dificulta e muitas vezes impossibilita a legalização dos refugiados que vêm tentando entrar na Espanha.

Existe hoje, principalmente nos países centrais do capitalismo, uma onda de extrema direita, nacionalista e islamofóbica. Esta onda se apresenta através da vitória de Donald Trump nos EUA; no favoritismo de Marine LePen para as eleições francesas deste ano; os movimentos anti-refugiados como o Pegida na Alemanha; etc. Todavia, a resistência apresentada pelos catalães neste estrondoso ato de meio milhão de pessoas mostra que os trabalhadores e a juventude não foram ganhos para a extrema direita e que existe sim amplo setor na Europa que defende a entrada de refugiados. Basta saber o quão forte se sucederá o movimento na luta contra as políticas repressoras e xenofóbicas da União Europeia e seus governos.