Pular para o conteúdo
BRASIL

Opinião: A crise de quem gera a crise

Por: Assis Araújo*, de Fortaleza, CE

É possível imaginar que desde quando o homem descobriu a oportunidade de acumular, de juntar bens materiais em torno de si, o bem público passou a ser alvo de ataques. Esta capacidade é potencializada com o desenvolvimento do capitalismo, que encontra na circulação de mercadorias sua forma até então ideal. Já aqui, sem condições mínimas de organização social, era também possível deduzir os resultados da livre comercialização para o conjunto da humanidade em crescimento.

Mas, o surgimento do dinheiro e suas formas atuais de transações exponenciou a criatividade de uma minoria para acumular muito mais. Estudos recentes demonstram que esta acumulação não cessou, o mesmo se dando na junção de grandes empresas. O objetivo é redundante, mas vez por outra este sistema, que acumula crimes, catástrofes e injustiças, entra em crise.

Nas crises essa burguesia gananciosa e desprovida de humanidade coloca seu aparato ideológico em ação: governos, casas legislativas, judiciário, igrejas, mídias, polícia, entre outras, entram em cena para manter a “ordem”.

A ordem é manter as taxas de lucros da casta riquíssima via controle ideológico do pensamento da sociedade, sem tergiversar em usar outros meios, caso necessário. Para controle da situação e condicionamento mental, fatos “relevantes” podem surgir e desviar a atenção.

Este trabalho de dominação é tão forte que é senso comum se pensar que “realmente o país está quebrado”, ou “que o prefeito de fato não vai poder pagar o salário do mês” e também “que o governo realmente não pode recompor a inflação salarial”. Somos induzidos a sentirmo-nos responsáveis pelo estado de putrefação à volta.

Porém, é bom quando olhamos em torno e constatamos que tudo foi construído pelos trabalhadores e que não há um tijolo sem a ação deles. E quando contrastamos este poder de construção, como casas, estradas, aviões, navios, prédios e açudes com a distribuição da renda, segurança, moradia, democracia, poder de decisão disponíveis à classe trabalhadora, fica fácil concluir que não desviamos recursos, que não compramos o poder, que não criamos riquezas fictícias, que não manipulamos a mídia, que não extorquimos Nações, que não somos os responsáveis pelas crises permanentes do capitalismo. A culpa não é nossa.

Portanto, não devemos pagar uma “dívida pública”, absurda e inexplicável, por erros de governos corruptos e irresponsáveis; por decisões de um Congresso abarrotado de desonestos e sem moral.

Aos trabalhadores cabe parar de construir riquezas por um instante e exigir respeito, cujo instrumento eficiente e eficaz é a greve geral. Greve Geral já! Não ao pagamento da dívida pública! Fora Temer!

*diretor da Associação dos Funcionários do Banco do Nordeste do Brasil (AFBNB) e militante do Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista (#MAIS)

**Texto originalmente publicado no site da AFBNB.