Trabalhadores do RJ protestaram contra privatização da Cedae e aumento da contribuição previdenciária

Por: Rodrigo Noel, de Niterói, RJ

O fim do recesso parlamentar já apontava o retorno do pacote de austeridade do governo estadual na ALERJ, também conhecido como ‘Pacote de Maldades de Pezão e Dornelles’. Dentre as diversas medidas que atacam direitos da população ao acesso a serviços públicos de qualidade, o pacote prevê o aumento da contribuição previdenciária dos servidores estaduais para 14%, um confisco adicional de 8% nos salários por três anos, privatização da Companhia Estadual de Água e Esgoto (CEDAE), congelamento de salários, entre outras medidas, como a extinção de algumas secretarias estaduais.

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Cartaz denuncia sucateamento da Faetec

A manifestação dos servidores iniciou às 12h da quarta-feira (1º) e contou com a presença de diversas categorias, desde a segurança pública, até a educação, passando pelos serventuários e profissionais da saúde, além, é claro, dos trabalhadores da CEDAE.

Segundo o funcionário da CEDAE Ary Girota,a proposta do governo vai levar a mais desemprego. “São seis mil trabalhadores contratados sob regime da CLT prestes a serem demitidos”, disse. Ary também falou sobre a forte repressão da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. “O ao ficou marcado pela repressão abusiva da polícia militar, usaram muitas bombas. Alguns trabalhadores da CEDAE estavam pela primeira vez em um ato, já possuem idade avançada e passaram mal, foi muito desproporcional”, afirmou.

Segundo Girota, na próxima sexta-feira (3) a categoria fará uma assembleia onde proposta de paralisação das atividades será discutida, como forma de pressionar os deputados estaduais a não aprovarem a proposta de entrega da companhia para o Governo Federal. O governo de Michel Temer e Henrique Meireles quer a CEDAE como garantia para a concessão de empréstimo para pagamento e regularização da folha salarial do Estado do Rio de Janeiro.

Repressão, pilhagem e negociatas: marca registrada do PMDB

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Repressão tomou conta do Centro

Enquanto no plenário do Palácio Tiradentes, sede do legislativo estadual, o deputado Jorge Picciani se reelegia para o comando da Casa, no lado de fora da ALERJ a repressão corria sem freio, uma verdadeira chuva de bombas de gás lacrimogênio e de efeito moral, gás de pimenta e cassetetes. Mesmo com a presença massiva de manifestantes, muitos deles aposentados e aposentadas, o aparato de repressão não se intimidou. Nem com os registros das câmeras, apesar de numerosas.

Assim como nos becos e vielas das comunidades cariocas, a PMERJ perdeu o medo de ser repreendida também no asfalto. O pudor se foi. Vide Rafael Braga, Amarildo, Cláudia Silva e tantos outros, invisibilizados pela mídia corporativa ou, quando lembrados, tratados como dispensáveis, como a carne mais barata.

Para a advogada e integrante da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ Isabela Blanco, as ações desmedidas da Polícia Militar têm responsáveis. “Vamos nos reunir até o final da semana para discutir como coibir estes ataques às liberdades democráticas”, afirmou.

Os anos de pilhagem e isenções fiscais oferecidas por seguidos governos do PMDB no Rio de Janeiro levaram o Estado à falência. A bancarrota levou o caos à UERJ, à calamidade da saúde e agora os responsáveis querem que o povo trabalhador pague a conta. Na próxima segunda-feira (6) os servidores prometem novo ato na porta da ALERJ. Ainda tem muita luta pela frente.