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BRASIL

Em Natal, prefeito Carlos Eduardo nomeia esposa para Secretaria de Mulheres

Por: Micaela Costa e Luana Soares, de Natal, RN

Não é a primeira vez que Carlos Eduardo (PDT) demonstra seu desinteresse na Secretaria de Políticas para as Mulheres (SEMUL). Em 2014, o prefeito ameaçou extinguir a Semul e isso só não aconteceu graças a uma importante mobilização feita pelo movimento feminista da nossa cidade em articulação com a Câmara de Vereadores, em especial, com a então Vereadora Amanda Gurgel.

A principal mudança da atual legislatura é o novo secretariado, que tem como referência para a secretaria de mulheres, a empresária Andrea Ramalho, esposa de Carlos Eduardo. Além de legitimar o nepotismo, tão caricato dos governantes natalenses, o atual prefeito reforça a prática do chamado “primeiro-damismo”, destinando uma pasta de grande relevância e impacto político à sua respectiva esposa.

A realidade na vida das mulheres de Natal exige muito mais que experiência na administração de empresas. De acordo com os dados do ‘Mapa da Violência 2015: Homicídios de Mulheres no Brasil’, Natal teve um aumento de 228% nos índices de feminicídio, entre 2003 e 2013. Em 2014, 2015 e 2016, esses índices não diminuíram, tivemos diversos casos de feminicídio no município. Atualmente, Natal é considerada a cidade mais violenta do país, segundo dados do 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Neste sentido, vale ressaltar que estar à frente de uma pasta desta importância em uma realidade extremamente violenta para as mulheres, exige profissionalização e investimento às políticas sociais, em especial, às políticas públicas para as mulheres.

Mas, concretamente, a Rede de Atendimento às Mulheres em Situação de Violência em Natal está longe de se aproximar do ideal, é insuficiente para as demandas das mulheres trabalhadoras. A capital potiguar conta com apenas uma casa abrigo, duas delegacias especializadas em atendimento à mulher (DEAM), e um Centro de Referência de Atendimento às Mulheres no âmbito da rede socioassistencial.

Estes serviços e equipamentos, apesar de serem de fundamental importância para a efetivação dos direitos sociais, não recebem investimentos suficientes para a sua melhoria e expansão, ocasionando a cobertura escassa da rede de atendimento.

Neste contexto de intensificação da violência e insuficiência das políticas sociais, em que as maiores prejudicadas somos nós, repudiamos a escolha de Andréa Ramalho para a Secretaria de Mulheres de Natal. Andréa não tem nenhuma relação e, ou experiência com o movimento de mulheres, não esteve ao nosso lado nas principais mobilizações que fizemos no último período em defesa das políticas públicas, contra a violência às mulheres e de igualdade de gênero.

Por isso, para nós, ativistas do movimento feminista em Natal, não resta alternativa, se não a continuidade da luta e o acúmulo de forças para resistir ao sucateamento das políticas sociais, exigindo dos governos investimentos e prioridade nas políticas que nos é de direito.

Foto: Fala RN