Pesquisa do IBGE mascara o nível real de desemprego

Por Marcello Locatelli, Curitiba, Paraná

Ontem (31), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou os dados oficiais da Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), revelando a situação dramática e triste que os trabalhadores vivem no Brasil.

A taxa de desocupação encerrou em 12% no último trimestre de 2016, isto significa que 12,342 milhões de pessoas estão atrás de emprego. Segundo o IBGE, temos 3,269 milhões a mais de desempregados em relação ao ano anterior, alta de 36%. Neste período tivemos 1,983 milhões de postos de trabalho fechados, uma queda de 2,1% na taxa de ocupação.

O trabalho encolheu nos diversos segmentos da economia, mas foram na indústria e na construção civil que estes resultados foram mais expressivos. A classe, de conjunto, sofre diante da nefasta política econômica recessiva imposta antes por Dilma (PT) e agora por Temer (PMDB).

A pesquisa do IBGE mascara a realidade

O desemprego é bem maior do que diz o IBGE. Segundo o estudo divulgado pelo banco Credit Suisse, o Brasil tem a sexta maior taxa de desocupação entre os 31 países desenvolvidos e emergentes que foram avaliados. Este estudo indica que o país está no topo do chamado desemprego ampliado.

A taxa de desemprego estimada pelo IBGE considera apenas quem procura trabalho e não encontra. Já a metodologia da taxa de desemprego ampliada é mais complexa, ela reflete quem faz bico por falta de alternativa, trabalha menos do que poderia ou desistiu de procurar emprego.

Considerando o estudo do Credit Suisse, o Brasil tem hoje quase o dobro do desemprego oficial anunciado. Para o IBGE este número é de 12,342 milhões, enquanto para o Credit Suisse é de 23 milhões de pessoas desocupadas.

É preciso lutar contra o desemprego e a alta do custo de vida

Aos trabalhadores não resta alternativa senão lutar contra o desemprego e a alta do custo de vida. A crise recessiva que atravessamos foi engendrada pelos próprios capitalistas, a ganância e a busca incessante por mais lucros conduz o sistema social capitalista a um beco sem saída. A cada ciclo econômico a burguesia demonstra que o acúmulo de capital não trás prosperidade as massas trabalhadoras, que ao primeiro sinal de crise são jogadas no abismo da miséria.

A cada período de crescimento econômico os capitalistas festejam e batem no peito, orgulhosos dos “feitos conquistados”. Os governos burgueses proclamam prosperidade, exaltam o papel que cumprem na sociedade. Pura hipocrisia. Ao longo da história contemporânea, ao final de cada ciclo econômico, a verdade sempre é revelada: a burguesia vive da exploração e opressão dos assalariados.

A atual situação do país revela o quanto a classe dominante e os seus governos são hipócritas. Os diversos escândalos de corrupção, assim como a prisão de alguns políticos e empresários, apenas revelam a verdadeira natureza do sistema atual. Agora reclamam e choram o leite derramado. A culpa da alta no custo de vida é da inflação, a culpa do desemprego é da recessão e esta é culpa da política econômica dos últimos governos. É sempre assim, nunca podem explicar o porquê deste sistema deixar milhões de pessoas na miséria.

Os trabalhadores não podem aceitar o desemprego.  É Preciso unir o conjunto da classe, empregados e desempregados, numa corrente de solidariedade mútua para lutar. A inflação, o suposto “caixa negativo das empresas” e a “crise fiscal” do Estado não são argumentos válidos para os trabalhadores. A união da classe é condição necessária para poder lutar por emprego e salário digno.

É urgente um plano nacional de obras públicas para gerar empregos. A jornada de trabalho precisa ser reduzida a 36 horas semanais para que mais trabalhadores sejam contratados e as horas disponíveis sejam repartidas. Ao mesmo tempo, o salário deve ser reajustado automaticamente conforme a inflação, o poder de compra do salário deve ser protegido. Ao final, estes problemas só podem ser resolvidos no terreno político da luta de classes e o êxito dependerá da relação de forças entre burgueses e assalariados.

Foto: retirada em www.flickr.com/photos/agenciabrasilia/