Foi-se Jorge de Oliveira, o Jorjão, o corintiano

Por Ligia Carrasco, de São Paulo, SP

Nesta madrugada (16), amigos, familiares, a militância da esquerda e parceiros torcedores do Corinthians, foram surpreendidos pela notícia do falecimento de Jorjão. Muitos de nós do MAIS dividimos a militância partidária com Jorjão, por anos, dentro do PSTU. As mensagens que ocuparam hoje as redes sociais lembram de uma pessoa que transformava qualquer perrengue em uma situação divertida, de um homem grande, em tamanho e coração, decidido e convencido da necessidade do combate de raça e de classe.

Tudo isso é verdade. Jorjão era aquela pessoa que chamamos de “alguém pra cima”, sempre capaz de nos animar nas situações mais simples e amenas com seu bom humor característico. Era grande, sim, de coração. Sua disposição em se virar de cabeça pra baixo se preciso fosse, para ajudar seus amigos e parceiros, certamente será lembrada por muitos de nós.

Jorjão será lembrado também pelo seu amor ao futebol e, sobretudo, pelo Corinthians, isso era uma daquelas coisas que moviam Jorjão e nos convencia de como o esporte pode gerar um instinto de coletividade, unir pessoas, como o futebol é a cara do povo brasileiro e põe um sorriso no rosto desse povo, na maioria das vezes, sofrido. O Corintiano era um homem negro que dedicou sua vida pelo combate ao racismo que marginaliza e violenta negros e negras, diariamente, no Brasil e no mundo.

Para nós, Jorjão estava desaparecido, sem que soubéssemos de notícias suas a cerca de um ano. O pouco que sabíamos é que vivia a vida dura da classe trabalhadora e do povo negro, a dificuldade de um emprego com toda a dignidade que nos cabe, a vida de fazer bicos aqui e ali para poder se sustentar minimamente. Nesta madrugada soubemos, pelo seu irmão, que Jorjão faleceu em 21 de março de 2016, na rua, vítima de asfixia. Foi sepultado sem que nenhum de nós, seus amigos, familiares e conhecidos soubessem. A notícia choca a todos nós, nos faz pensar se poderíamos ter estado mais próximos e evitar que uma tragédia como essa ocorresse, ter tido mais solidariedade em vida. A resposta talvez seja positiva. A vida de Jorjão não será esquecida pelo significado que teve para o que entendemos por amizade, por luta. Sua morte também não será esquecida para que nos lembremos que em tempos como esses, que sabemos brutos, ser camarada é mais que uma palavra, é nossa presença e solidariedade em vida.

Jorjão, PRESENTE!