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BRASIL

“Cidade Linda” de Dória: Hipocrisia e higienização social

Por: Mayara Conti, São Paulo, SP

A imagem do então prefeito de São Paulo vestido de gari nesta segunda-feira gerou estranheza, além de dezenas de memes no Facebook, claro.

O candidato “João Trabalhador”, que já soava tão falso quanto nota de R$ 200, deu lugar à figura do “Prefeito-gari”, que não chegou a varrer as calçadas da Av. Nove de Julho por 10 segundos.

O prefeito anunciou que o projeto “Cidade Linda” tem como objetivo retirar lixo e servir como uma espécie de “zeladoria da cidade”, consertando postes de luz, calçadas e sinalização de trânsito.

As ações seriam realizadas essencialmente no centro (Av Nove de Julho, Av Paulista, Av Ipiranga, Av São Luís, Av Tiradentes, Centro histórico, Av Cruzeiro do Sul e Av Santo Amaro).

Além da tal “faxina” e “reforma” dos logradouros, o prefeito já começou a empurrar as pessoas em situação de rua do centro para fora do seu holofote, e prometeu retirar os vendedores ambulantes das ruas da capital.

Pra inglês ver…

Ainda que a cidade de São Paulo realmente precise de mais cuidados, como a manutenção dos postes de luz, pintura de sinalização e conserto de calçadas, o tal “Cidade Linda”, na prática, não parece estar tão preocupado com isso.

Primeiro porque não é um projeto completo, que engloba as áreas mais necessitadas da cidade, localizadas na periferia, por exemplo.

Segundo porque os primeiros dias de sua implantação já demonstram que não é esse o real objetivo, pois as calçadas da Av Nove de Julho (avenida localizada na etapa inicial do projeto) seguem esburacadas, o asfalto segue com problemas e a questão da iluminação não foi resolvida.

bueiro
Tampa de bueiro recebeu pintura, mas não foi consertada pela prefeitura (imagens G1)

Higienização social

Está claro que o “Cidade Linda” do “João-enrolador” não passa de engodo para agradar ao eleitorado tucano, que se preocupa mais com as pixações e com os moradores de rua “atrapalhando o caminho”, do que com resolver de fato os problemas estruturais da cidade.

São Paulo precisa de uma solução concreta para os moradores de rua, projetos sociais que habilite essas pessoas para um emprego, moradia popular para morar, saúde pública de verdade e acompanhamento psicológico para os dependentes químicos. “Empurrá-los” da Av Nove de Julho para o Viaduto do Chá, não resolve, e é desumano!

Além disso, a promessa de “acabar com os vendedores ambulantes” é um verdadeiro crime, principalmente num momento de crise econômica pelo qual o país atravessa e as pessoas estão fazendo o que podem para sobreviver.

A prefeitura deveria facilitar e incentivar o trabalho dessas pessoas, oferecendo áreas próprias e seguras ao comércio ambulante, não perseguindo essas pessoas como se fossem criminosas.

São Paulo não precisa de uma falsa faxina que jogue os problemas pra debaixo do tapete, prefeito.