60 dias que deixaram marcas inapagáveis na UFMG

Por: Izabella Lourença, Belo Horizonte, MG

No dia 17 de outubro, eu escrevi para o Esquerda Online a experiência da ocupação cultural na faculdade de educação da UFMG. Naquele dia, nem eu nem ninguém imaginava que uma onda de ocupações iria se alastrar pela universidade e marcar para sempre a história do espaço e dos sujeitos que nela convivem.

Dia 19 de outubro, acontecia a primeira ocupação permanente que paralisou as aulas do CAD 1, da saúde e ciências biológicas. No dia 21, foi a vez da Faculdade de Educação ocupar permanentemente e no dia 24, dia de paralisação nacional, o CAD 2, a EAD e IGC entraram em cena. Daí por diante o movimento estudantil ocupou 19 prédios na UFMG, além da ocupação sonora na rádio e atividades políticas no Centro Pedagógico.

No início, ninguém sabia se suportaria até o dia 13 de dezembro. Mas suportamos. Suportamos as bombas, o gás de pimenta, as balas de borracha. Vencemos o egoísmo e passamos a viver em comunidade.

Nos apoiando uns nos outros, decidimos que é hora de reocupar outros espaços para a luta não morrer. A PEC 55 foi aprovada e o governo Temer já se prepara para aprovar diversas outras maldades. A próxima é a reforma da previdência, mais uma medida que retira nosso direito ao futuro.

Seguiremos firmes no combate contra esse governo golpista. Sabemos que a nossa resistência ainda é minoritária na sociedade e que devemos concentrar nossos esforços em ganhar a população para lutar pelos direitos ameaçados e perdidos.

A herança das ocupações para a UFMG

A resistência na universidade também não pode parar. Muitas árvores foram plantadas durante as ocupações; paredes foram pintadas; câmeras, catracas e pontos eletrônicos dos Técnicos Administrativos retirados; isso além da retirada dos tablados que separavam professores e estudantes em sala de aula.

A luta não acabou porque superamos um dos seus métodos, a ocupação. Nós lutamos contra os grandes do congresso, mas também contra a opressão e repressão que vivemos cotidianamente dentro da universidade. Nenhum processo administrativo contra estudantes será tolerado, assim como nenhuma forma de retaliação ao movimento estudantil.

Agora é hora de nos organizarmos, em nossos CAs, DAs, Coletivos e/ou organizações políticas. É hora de debatemos ideias e colocar em prática a nossa luta. 2017 vem quente, mas nós estamos fervendo. O nosso lema segue sendo: nunca mais vamos dormir, até concebermos uma sociedade justa e igualitária.

 

Foto: Izabella Lourença