Acreditar na nossa força e andar para frente é o que temos para hoje

Por: Lucas Ribeiro, de Fortaleza, CE

Quando eu era criança e todas as brincadeiras boas terminavam, era hora de jogar Ludo. Nem sei se ainda existe nos dias de hoje esse diabo. Pelo que me lembro jogávamos o dado e a partir do número sorteado nossas peças andavam. O problemas é que algumas vezes o tabuleiro nos obrigava a andar para trás. Isso mesmo! Tínhamos que voltar “casas”.

O Golpe Parlamentar que retirou a Presidente Dilma Rousseff foi um importante momento no jogo político do Brasil, movimentando o tabuleiro a favor das classes dominantes em detrimentos dos subalternos. As razões para o Golpe Institucional são muitas, porém uma delas agora está sobressaltada: o PT apesar de tentar, não tinha condições de aplicar os ataques que as elites internacionais e nacionais precisavam para aumentar seus lucros e impor uma brutal retirada de direitos.

Golpe é sinônimo de retrocesso. Esse é o elemento comum de qualquer tipo de Golpe. O Governo ilegítimo existe para aplicar uma agenda de retrocesso contra o povo pobre. Por isso, a ferocidade de Temer e sua corja de ratos no Congresso, e na imprensa, para congelar investimentos em saúde, educação e o próprio salário mínimo. Hoje, 13 de dezembro, a PEC 55 foi aprovada e com certeza retrocedemos algumas “casas” na luta contra os golpistas.

Temer tem muita força nas classes dominantes e uma maioria no Congresso Nacional. Hoje ele teve uma vitória, vai se sentir mais forte e sedento para atacar com a contrarreforma da previdência. Porém, ele segue despencando a sua já baixa popularidade e a população começa a desconfiar das suas medidas, com 60% dos brasileiros contra a PEC 55. Isso mostra que existe uma indignação crescendo e tomando a maioria dos trabalhadores e do povo oprimido.

É improvável que os trabalhadores e trabalhadoras brasileiros aceitem calados o retrocesso na Previdência Social. As mulheres, vanguarda da resistência contra Cunha e Temer, irão aceitar ter a idade da aposentaria igualada à dos homens? Os mais jovens e mais precarizados irão aceitar trabalhar 50 anos para se aposentar? Precisamos lembrar que muitos dos trabalhadores nas fábricas, refinarias, call centers, lojas, lanchonetes com 21, 22 e 23 anos foram os sujeitos que tomaram as ruas em junho de 2013. Se aposentar com mais de 70 anos não está no plano desta moçada, em especial para negros, negras e LGBTs.

Nosso maior desafio será conseguir transformar indignação em mobilização, destravando amplas massas dos mais explorados e oprimidos. Para tal, precisamos nos reinventar, aprender com os erros, aprender com os mais jovens e, principalmente, acreditar na nossa própria força, na força do conjunto e na complexa classe trabalhadora brasileira. Estamos com o gosto amargo da derrota na boca, mas o jogo ainda não acabou, podemos andar para frente!