Moro fere autonomia do movimento sindical e aplica censura intimando petroleiro Emanuel Cancella

Por: Natália Russo, do Rio de Janeiro, RJ

O petroleiro Emanuel Cancella foi intimado pelo MPF nº 09/2016 (PR-RJ – 00080581/16) na data de 09 de dezembro. A intimação é por crime contra a honra de Servidor Público Federal.

“Falei com uma atendente, que passou para a outra, que por sua vez mandou que eu ligasse 20 minutos depois. Liguei e fiquei sabendo que o autor da intimação era o juiz Sérgio Moro” – Diz Emanuel Cancella, Coordenador Geral do Sindipetro RJ, em artigo publicado em diversas mídias.

A seletividade da Lava Jato é um fato. Tanto Aécio Neves, como Kassab e José Serra já foram citados diversas vezes, mas o Moro cisma em não investigar o PSDB. O Esquerda Online vem denunciando em uma série de artigos os objetivos reais da Lava Jato.

A elite do nosso país resolveu rifar algumas empreiteiras e abrir o mercado para outras. Além disso, criou-se todo um discurso que favorece as privatizações como se a culpa da corrupção fosse o fato da Petrobras ser pública e não a relação espúria de empreiteiras privadas, que ficaram com a maior parte da corrupção, e os políticos brasileiros. Outro objetivo evidente é identificar os problemas do país, da atual crise econômica com a corrupção, com os gastos públicos em geral, e não com a transferência destes para a iniciativa privada e a queda de investimentos por conta da diminuição da taxa de lucro da elite do país.

Moro é um juiz que ganha muito acima do trabalhador brasileiro e da grande maioria dos servidores públicos federais. Sua operação é conhecida no Brasil todo e ser alvo de crítica é razoável e compatível com a função que está hoje desempenhando.

Sua condição privilegiada não permite alguma empatia e sua posição é de jantares e fotos com Aécio, Temer e companhia. Não freqüenta os churrascos da Dona Maria, nem “toma uma com o João”, talvez por isso em mais de dois anos de operação nunca se pensou em obrigar as empresas investigadas em pagar primeiro as verbas trabalhistas devidas aos trabalhadores. O não cumprimento das estritas regras da lei só serve quando é para alguma espetacular entrada na cena política para desfavorecer seus maiores desafetos. O resultado é um só. Políticos poderosos são presos, o povo comemora, mas isso dura um minuto, porque no almoço não tem carne e nem feijão, algo muda para que tudo continue igual.

Moro, a honra de milhares de trabalhadores que não querem a privatização, o desemprego e as conseqüências de um falso discurso anticorrupção que só prende os políticos que não são seus aliados, está sendo aviltada.

Além disso, não queremos a volta à época de um judiciário censor, que estabelece quem e o quê se pode criticar. Qualquer trabalhador pode criticar o que quiser. O direito à livre expressão é um direito fundamental. A Constituição Federal estabelece ainda a autonomia do movimento sindical, que é a organização coletiva dos trabalhadores, sendo ainda mais grave o ataque ao Emanuel Cancela.

A luta dos trabalhadores não permitirá uma ditadura judicial. A justiça brasileira não é cega. Ela vê cor, credo e raça. Nós também não somos cegos e estamos de olho. A justiça verdadeira é aquela que irá libertar os trabalhadores, defender a democracia, o emprego e futuro dos milhares de brasileiros. Toda solidariedade ao Emanuel Cancella!

Foto: Stefano Figalo