Periferia resiste, estudantes voltam a ocupar as ruas de BH

Matheus Costa, professor da rede estadual de Minas Gerais

Esta quinta-feira, foi um dia pra não esquecer na região do barreiro em BH. Desde junho 2013, a juventude da região ainda não tinha protagonizado tamanha mobilização como a ocorrida hoje.

Às sete horas da manhã, várias concentrações começavam nas portas das escolas. Com muita vontade e muita criatividade, foram feitos cartazes e faixas contra a PEC 241, junto com a preparação de palavras de ordem e ensaio dos instrumentos.

A turma do Colégio Aurino Moraes desceu em peso e com muita animação pra se encontrar com os estudantes do Claudio Brandão. Ao sair pela via do Minério, toda pista foi tomada. Éramos muitos. Enquanto isso, animados pela fanfarra da escola, a galera do Francisco Bicalho se encontrava com os estudantes do Celso Machado e Maria Belmira. Às nove horas, foi um dos pontos altos da manifestação. O encontro da passeata que descia a Via do Minério com a turma que trancava a Olinto Meireles. Ao se avistarem, as passeatas se abraçaram. Correria para se juntar, palavras de ordem, abraços, muita alegria e foguetório.

Parte da missão tinha sido cumprida. A passeata unificada seguiu rumo ao centro do Barreiro. Em todo trajeto muito apoio da população. Uma rápida parada em frente ao Rodrigues Campos para chamar a turma a se incorporar na manifestação. Das grades da quadra, os estudantes mostraram o apoio. Não conseguiram sair hoje, mas certeza que na próxima vão estar juntos.

A próxima parada foi em frente ao luxuoso apartamento do Deputado Marcelo Álvaro Antônio. Muitas vaias e falas de repúdio ao deputado, que além de ter votado a favor da PEC 241 disse na votação do impeachment que votava SIM em nome do povo do Barreiro. Hoje, ele recebeu o recado: Não fala em nome da juventude do Barreiro.

A manifestação seguiu, rolou muito improviso consciente da galera do rap e muitos gritos de Fora Temer.

Em frente o Via shopping, aproveitando a sombra da passarela, todos se assentaram no chão para ouvir as falas de representantes das escolas. A galera do Rodrigues Campos e do Valadão também estavam presentes.

Aqueles que dizem que essa juventude não sabe nem porque está fazendo manifestação ou que são “doutrinados” deveriam estar na finalização do ato. Em assembleia na pista, com microfone aberto, os estudantes explicaram o porquê da luta contra a PEC 241 e a reforma do Ensino Médio. Outro tom das falas foi sobre a necessidade de seguir mobilizando através das ocupações de escola. A juventude tem conteúdo e sabe o que tá falando. Vale a pena dizer que o protagonismo da mobilização é das mulheres, negras e negros, e LGBTS.

Diante dos grandes ataques que sofremos por parte dos governos e dos poderosos, manifestações como essa e as ocupações de escola mostram o caminho. É hora de Resistir. Os ataques são muitos, querem nos tirar tudo. Eles têm a mídia e a repressão do lado deles. Nós temos nossa organização e nosso método de luta. Dia 11 de novembro, tem mais. É hora de unificar com os trabalhadores na greve geral. A juventude do Barreiro mostrou hoje que tem direito ao futuro e vai lutar por isso!

Foto: Daniel Wardil