A violência capitalista contra a mulher negra

O capitalismo já provou que não consegue suprir as suas demandas e contradições criadas por ele mesmo. Já é visível que nós não possuímos as mesmas oportunidades no contexto social. Existem fatores que influenciam fortemente a ascensão social e econômica de cada indivíduo: a classe social, a sua raça, gênero e, por vezes, a sua orientação sexual.

Nessa hierarquização de classe, gênero, etnia, o capitalismo se fortalece. Não é benéfico para o capitalismo que todos possuam as mesmas oportunidades, assim, fica impossível que a classe trabalhadora enriqueça completamente e gradativamente tal qual a dominante. O capitalismo se beneficia pela alta produção baseada na exploração de uma classe sobre outra e da falta de competitividade e hegemonia comercial.

Diante dessa hierarquia, na qual podemos visualizar uma pirâmide em relação aos benefícios e ascensão social, a mulher negra encontra-se na base.

Em relação à família construída compulsoriamente por fatores sociais embutidos, sabe-se que as mulheres negras chefiam majoritariamente as famílias mais pobres da sociedade, seja pela criminalização do aborto, seja pelas pouquíssimas oportunidades de crescimento profissional e quase nenhuma assistência do estado que ofereça amparo para que essas mulheres possam trabalhar e sustentar suas famílias.

Muitas mulheres negras optam fatalmente pelo tráfico como realidade mais próximas de si, seja por influência de seus companheiros, seja pelo distanciamento de oportunidades no mercado, criadas pelo capitalismo.

No livro População Carcerária Feminina X Masculina, Natália Macedo apresenta que “o perfil da mulher presidiária no Brasil é o da mulher com filho, sem estudo formal ou com pouco estudo na escola elementar, pertencente à camada financeiramente hipossuficiente e que, na época do crime, encontrava-se desempregada ou subempregada. Em geral, as mulheres criminosas são negras ou pardas, 20.756 delas, enquanto apenas 9.318 são brancas”. Em um universo em que a população negra ou parda é de 91 e a branca de 92 milhões de pessoas no Brasil, conforme estudo de Seade em A Maior População Negra do País.

Essa desumanização adotada pelo capitalismo beneficia a camada social que possui mais chances de sair de situação de riscos sociais e ilícitos, dando margem às análises que permeiam a falta de estrutura educacional e social oferecidas pelo sistema como arma para a falta de capacidade de questionamento desses indivíduos em situação de marginalização social.

Fica explícita a urgência na estatização total da educação, que por sua vez, insere a capacidade de questionar valores e capacidade de crescimento social diante da sua colocação enquanto indivíduo na sociedade, bem como o poder de trabalho dado à classe trabalhadora, fechando precedentes de exploração. Isto aplicado à interseccionalidade das lutas sociais atuais, aplica-se como uma estratégia perfeitamente inserida como uma luta que beneficia as mulheres trabalhadoras e, por sua vez, as mulheres negras, pois são as que estão em sua grande maioria no domínio das famílias de baixa renda e de baixo apoio educacional.