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MOVIMENTO

Por que luta contra aumento do preço do bandejão morreu na UFMG?

Por: Izabella Lourença e Andressa Moreira, de Belo Horizonte, MG

O aumento do preço do bandejão, de R$ 4,15 para R$ 5,60, tramitou entre os órgãos administrativos da UFMG durante mais de um ano. O movimento estudantil travou uma luta dura contra a reitoria e a FUMP, que mandavam e-mail institucional na tentativa de convencer os estudantes que o aumento era justo. Chegou a colocar funcionários para panfletar na porta do restaurante e até os seguranças universitários para impedir as mobilizações. Manter essa luta foi uma empreitada difícil, ainda mais quando analisamos a postura da atual gestão do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Alvorada.

No início desse ano, a gestão anterior do DCE, Virada, mobilizou os estudantes e o movimento estudantil (ME) para ocupar o Conselho Universitário e impediu a aprovação do aumento. Infelizmente, o atual DCE, gestão Alvorada, composto por militantes do Levante Popular da Juventude e do PT, atuou contra a mobilização estudantil para barrar o aumento que voltou à pauta neste segundo semestre.

Primeiro, integrantes da gestão não informaram nem aos representantes discentes no conselho universitário que o aumento do preço do bandejão estaria em pauta no dia 28 de junho. Chegando no conselho, os membros do DCE se posicionaram a favor do aumento sem sequer consultar o movimento estudantil. Dias depois de ser questionada pelos estudantes, a gestão fez uma autocrítica e disse que estava disposta a lutar contra o reajuste já aprovado.

Iniciamos o segundo semestre e mais uma vez os estudantes se decepcionaram com o DCE. Foram dias discutindo em assembleia, pulando as catracas do bandejão, enfrentando os seguranças, a reitoria e a Fundação Mendes Pimentel (FUMP). Em nenhuma dessas mobilizações a presença do DCE foi contundente. Pelo contrário, o DCE atrapalhou a mobilização. Como? Não passaram em nenhuma sala para explicar para os estudantes o que estava acontecendo, não divulgaram as assembleias em tempo hábil – a última assembleia foi divulgada com apenas uma hora de antecedência. Tampouco cumpriam os encaminhamentos tirados em assembleia: se comprometiam em garantir a estrutura para nos reunir e não cumpriam, se responsabilizavam por fazer os panfletos e não faziam, se encarregaram de fazer os materiais para internet e não fizeram. Na maioria das vezes, enquanto os estudantes pulavam as catracas do bandejão, os membros do DCE observavam de fora.

A apatia da Gestão Alvorada cobrou seu preço. O Movimento resistiu o máximo que conseguiu, contou com o esforço de coletivos e entidades muito dispostas a lutar, a principal delas foi o DA dos estudantes de Biologia, Jana Moroni. Infelizmente, como o movimento não acumulou forças para derrotar a reitoria e obrigá-la a negociar com os estudantes, a luta contra o aumento do bandejão se arrefeceu.

Felizmente, a negligência do DCE e a truculência da reitoria não afastaram os estudantes da luta. Nossa luta continua com estudantes engajados em enfrentar as reformas do governo Temer, contra a PEC 241, que congela o investimento na educação e a MP 746, que retira as licenciaturas dos currículos do Ensino Médio, com exceção de Português e Matemática.

É preciso ir às bases, ouvir o que os estudantes estão dizendo e fazê-los voltar a confiar nas próprias forças. À gestão Alvorada, ao Levante Popular da Juventude e às correntes do PT deixamos a seguinte reflexão: o esvaziamento político promovido por vocês caminha para a desmoralização do movimento estudantil diante dos estudantes e serve pra minar, ou no mínimo atrasar, a possibilidade de vitórias no atual contexto de retrocessos. Mas, os estudantes e entidades que estão dispostos a lutar independente do DCE mostram que a juventude segue em alerta e não vai assistir calada os direitos sendo retirados. Michel Temer e a Reitoria que se cuidem, o ME pode voltar a ser perigoso.