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Você sabia que João Doria (PSDB) é herdeiro de senhores de escravos?

Por Paula Nunes*, de São Paulo, SP

Estamos na reta final das eleições municipais. No domingo (2), milhões de brasileiros vão às urnas escolher os futuros prefeitos e vereadores de suas cidades, uma decisão bastante importante diante do cenário político em que vivemos.

Em São Paulo não será diferente. A última pesquisa eleitoral, divulgada pelo Datafolha na segunda-feira (26), demonstra que o candidato João Dória Jr., do PSDB, está liderando a disputa eleitoral na cidade com 30% das intenções de voto, o que lhe dá grandes chances de disputar o segundo turno das eleições na capital paulista.

Mas, afinal, quem é João Dória Jr.?
João Dória é integrante da família Costa Dória, formada no período colonial e composta por senhores de engenho e de escravos. Um de seus personagens mais importantes, Antonio de Sá Dória (1590-1663), possivelmente o mais rico dos moradores de Salvador em seu tempo, teve, em apenas um de seus engenhos, 40 escravos.

O patrimônio do candidato a prefeito que, segundo levantamento de reportagem do UOL, supera R$ 170 milhões, não foi conseguido com o suor de seu trabalho, mas sim com o suor do trabalho dos 5,5 milhões de negras e negros escravizados no Brasil. Patrimônio que foi repassado e acumulado por gerações até chegar à sua conta bancária, que terá como herdeiro João Doria Neto, seu filho.

Ao contrário da imagem que tenta transmitir em campanha eleitoral, João ‘trabalhador’ não tem nada de trabalhador. Aos 13 anos, começou a trabalhar em uma agência de publicidade por indicação do pai, publicitário e ex-deputado federal, e aos 21 anos tornou-se diretor de comunicação da FAAP e da Rede Bandeirantes de Televisão, quando começou a carreira política como Secretário de Turismo de São Paulo e Presidente da Paulistur, durante o governo Mário Covas, e Presidente da Embratur no governo José Sarney. Duas empresas estatais. Uma trajetória muito diferente da maioria dos paulistanos.

Dória não representa a nova política, mas sim o que há de mais antigo e sujo na política brasileira, a elite proprietária de terras e de escravos do período colonial no Brasil. A sua eleição seria uma afronta às negras, aos negros e aos trabalhadores da cidade e, por isso, é o nosso dever combatê-la.

Foto: Reprodução Facebook