Mulheres, negros e jovens: exceções entre candidatos na Baixada Santista

Por: Leandro Olimpio, de Santos, SP

Flávio Bolsonaro no Rio de Janeiro (RJ), Major Olimpio em São Paulo (SP), Capitão Wagner em Fortaleza (CE). Três exemplos da direita que perdeu a vergonha e resolveu mostrar a sua cara desde a polarização social que toma conta do país a partir das Jornadas de Junho, em 2013. Três homens, nenhum deles jovem, todos eles heterossexuais e defensores de valores conservadores. Todos eles, por exemplo, são contra a diversidade sexual, contra as ações afirmativas para negros, contra a descriminalização das drogas e políticas de proteção à mulher.

Três casos extremos que, na verdade, refletem uma realidade de todo o país: as eleições e, sobretudo, os espaços de poder não são um espaço das minorias. O mesmo vale para a Baixada Santista.

Os registros de candidatos no Tribunal Superior Eleitoral demonstram que na região a maioria nas urnas é composta por homens brancos, com idade média entre 49 e 59 anos. A maior parte possui Ensino Superior Completo e as principais ocupações identificadas são a de empresário e advogado. Ou seja, há de se questionar o argumento daqueles que afirmam ser o Congresso, o Senado e as Câmaras Muncipais o reflexo do país.

Na disputa para as câmaras, somente 31%,2% dos nomes são do sexo feminino, mesmo diante do fato de que as mulheres são a maioria do eleitorado. O índice é próximo ao percentual legal mínimo de 30% e o máximo de 70% para candidaturas de cada sexo. No caso dos candidatos negros a vereador, se verifica que dos 2.481 candidatos apenas 246 (9%) declararam ser negros, sendo que a maioria (58,9% ou 1.461) é da cor branca.

Já na corrida pelas prefeituras, apenas quatro mulheres participam na disputa majoritária: Angélica Mariano (PTC – Guarujá); Carina Vitral (PCdoB – Santos), Débora Camilo (PSOL – Santos) e Rosana Marques (PSL – Praia Grande).

Outro dado interessante, que reforça o peso tucano nas cidades do interior e do litoral, assim como o perfil elitista das eleições, é constatar que o PSDB é a legenda com o maior número de candidatos a prefeito na região. Em oito das nove cidades da Baixada Santista, a sigla lançou um nome para a disputa do Executivo. No caso de Santos, por exemplo, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB) tenta a reeleição.

No âmbito nacional, quando observamos a radiografia da Câmara dos Deputados, o cenário não é melhor. Entre os 513 deputados, apenas 10% são mulheres. Os brancos são quase 80%. E quase metade deles declarou nas últimas eleições possuir patrimônio superior a 1 milhão de reais. No Senado, os números são similares. Algo contrastante com a sociedade brasileira, onde as mulheres são 51%, e os negros e pardos, 54%.