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MOVIMENTO

A possível venda da malha de gasodutos da Petrobras e seus primeiros impactos negativos

RJ – MOVIMENTAÇÃO/PETROBRAS – GERAL – Movimentação em frente ao prédio da Petrobras localizado na Avenida Republica do Chile, n° 65, no centro do Rio de Janeiro, na manhã desta terça-feira (01). 01/04/2014 – Foto: ALE SILVA/FUTURA PRESS/FUTURA PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Por Daniel Tomazine, Petroleiro de Duque de Caxias – RJ

Na tarde dessa terça-feira (06/09), O Globo anunciou que existe um acordo para compra de 90% da malha de gasodutos da Petrobras, pela quantia de U$ 5,2 Bilhões. Seria mais uma etapa dos planos de desinvestimentos, iniciados pela Gestão Bendine (Dilma) e levada adiante por Parente (Temer).

Trata-se de uma ação mortal para a soberania da companhia brasileira. A Petrobras produz a maior parte do Gás consumido no país (uma parte importante vem da Bolívia). Os gasodutos são a garantia da capacidade de operação do sistema, que se inicia da extração do gás em alto mar e termina nas fábricas de fertilizantes (FAFENs) e nas mais de duas dezenas de Usinas Termoelétricas.

Além disso, se utiliza o gás natural para diversos outros processos e produtos, tendo a Petrobras como a maior fornecedora dessa matéria prima/fonte de energia. Assim, a capacidade da Petrobras em determinar quanto de gás que ela mesmo produz será destinado para as suas necessidades internas, teria que passar a contar com a anuência de um agente externo. Além de ter que se pagar o lucro de um terceiro – o que hoje não ocorre, pois só se contabiliza os custos da operação, incluídos no preço final -, a companhia terá a sua logística dependendo de um grupo de agentes econômicos que são seus competidores em nível internacional.

Isso representa deixar toda a operação envolvendo o gás natural nas mãos de grupos econômicos que, por exemplo, podem resolver que para atender a seus interesses, o gás brasileiro deve subir de preço e cobrarem um valor maior da Petrobras. Além disso, as malhas de gasodutos e oleodutos podem ser utilizadas pela Petrobras como fonte suplementar de renda, ao destinarem essas linhas para transmissão de cabos de fibra ótica, por exemplo.

Portanto, a máscara do desinvestimento como forma de socorrer o fluxo de caixa livre da Petrobras cai por terra. A venda da malha de gasodutos representará um aumento significativo da operação de gás natural no Brasil – e isto não só prejudica a estatal, como toda a população, que verá os preços de energia elétrica, combustíveis e alimentos aumentarem. O lucro da Petrobras irá diminuir no médio e longo prazo. Outro ponto, é que a construção de boa parte desses gasodutos se deu com financiamento subsidiado do BNDES. Com a venda, a dívida de 30 anos permanecerá com a Petrobras, enquanto a Brookfield receberá um sistema já operando e custeado pelo tesouro nacional.