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Natal é capital brasileira onde índice de homicídio mais cresceu

André Freire

Historiador e membro da Coordenação Nacional da Resistência/PSOL

Por: André Freire, colunista do Esquerda Online

A publicação do Mapa da Violência de 2016 confirma o que o povo trabalhador de Natal já sabia, o absurdo crescimento da violência, em especial dos homicídios, crime contra a vida das pessoas.

Segundo esse importante trabalho de pesquisa, num intervalo de apenas uma década, de 2004 a 2014, houve um crescimento de 441,1% no índice de homicídios na Capital do Rio Grande do Norte. Em 2004, o índice era de 9,8 homicídios a cada 100 mil habitantes. Em 2014, esse número passou para 53 a cada 100 mil habitantes, bem acima da média nacional, que é de 30,3.

Uma situação realmente alarmante. Natal aparece, nos dados mais recentes dessa pequisa, como a quinta capital com o maior índice de homicídios do país, bem na frente, por exemplo, de cidades como São Paulo e Rio de Janeiro.

Infelizmente, Natal bateu outros recordes negativos em matéria de violência.

A Capital potiguar está entre as cidades brasileiras onde mais se viu crescer os índices de violência contra as mulheres. Para se ter uma ideia da gravidade, nas últimas duas semanas, por exemplo, pelo menos 11 mulheres foram assassinadas no Estado do Rio Grande do Norte. Uma terrível onda de crimes e homicídios contra a vida das mulheres, marcados pela violência machista.

A ONG mexicana ‘Consejo Ciudadano para la Seguridad Pública e Justicia Penal’, em recente pesquisa, com dados de 2015, já tinha classificado Natal como a segunda cidade mais violenta do Brasil e a 13ª mais violenta do mundo.

Esses dados só confirmam o absoluto fracasso das políticas de combate a violência apenas pautadas pelo aumento da repressão, do contingente policial e da construção de mais presídios.

Essa mesma receita foi aplicada por todos os governos, seja na esfera nacional, estadual, ou municipal. E só servem para tentar, mais uma vez, enganar a maioria da população, fingindo que está se fazendo algo de concreto para enfrentar o terrível problema do aumento exorbitante da violência.

Mas, na contramão do discurso dos atuais governantes, uma análise mais cuidadosa desse grave problema demonstra que para combatê-lo de verdade serão necessárias políticas públicas mais estruturais.

A medida fundamental é a adoção de uma política econômica que garanta que o investimento fundamental e prioritário do Estado brasileiro seja nas áreas sociais, caso realmente se queira resolver o problema da violência,de forma qualitativa.

Não se resolverá o problema da violência urbana, por exemplo, com o crescente aumento do desemprego que assola nosso país. A região metropolitana de Natal tem o segundo maior índice de desemprego entre as regiões metropolitanas do Brasil. Especialmente entre os jovens e as mulheres.

Não se apresentará nenhuma melhora significativa nos índices de violência, se também prosseguir o verdadeiro caos em que se encontram os principais serviços públicos na cidade, no estado e país. A brutal crise em que vive a saúde pública no Rio Grande do Norte é só mais uma demonstração da irresponsabilidade dos governos com a vida da dos trabalhadores e da maioria da população.

Acreditar que medidas reacionárias como a redução da maioridade penal, muito em voga no momento, vai resolver o problema, é outro grande engano.

Medidas como essa só vão gerar um aumento ainda maior da violência nos próximos anos. O Brasil já tem a segunda maior população carcerária do mundo, e isso não resolveu em nada o problema do aumento da criminalidade.

Evidentemente ninguém pode ser conivente com o crime. Mas, seguimos acreditando que o lugar prioritário para se colocar a juventude pobre e negra de nossas grandes cidades não deveria ser os presídios e sim as escolas. Com o Estado garantindo uma educação pública, gratuita e de qualidade.

Por isso, nas eleições municipais desse ano, as candidaturas apresentadas pelo #MAIS – Movimento por uma Alternativa Independente e Socialista, defendem uma política de ampliação qualitativa nos investimentos sociais das prefeituras.

Medidas como a adoção de um plano de obras públicas, que construa mais escolas, creches, postos de saúde e habitações, combatendo a brutal desigualdade social e gerando milhares de novos empregos.

Utilizando o dinheiro que virá da suspensão do pagamento e da auditoria pública das dívidas das prefeituras. Da cobrança imediata das enormes dívidas que as grandes empresas possuem com a maioria dos governos municipais brasileiros. Além do fim da famigerada política de isenções fiscais aos grandes empresários.

Uma política que combata para valer a privatização dos espaços urbanos. Um programa anticapitalista para, entre outros elementos, se combater, de forma realmente eficaz, o aumento crescente da violência, que atinge principalmente os trabalhadores, a juventude, o povo negro, enfim, a maioria da população brasileira.

Foto:Wikipedia