76 anos do assassinato de Trotsky

Valerio Arcary

Professor titular aposentado do IFSP. Doutor em História pela USP. Militante trotskista desde a Revolução dos Cravos. Autor de diversos livros, entre eles Ninguém disse que seria fácil (2022), pela editora Boitempo.

Por: Valerio Arcary

Foi em 21 de agosto de 1940 que Leon Trotsky foi assassinado, setenta e seis anos atrás.

Acabo de voltar de uma viagem à Russia.

Caminhei pela Praça Vermelha, entrei no Kremlin, estive em São Petersburgo, fui ao Smolny, à Estação Finlândia e a Kronstadt.

O ano que vem serão cem anos desde a vitória da primeira revolução socialista. Fui um ano antes, porque sabia que o ano que vem seria impossível. Terei que estar por aqui. Porque é aqui que tem sentido para mim celebrar Outubro.

Nestas linhas quero recordar um episódio pouco conhecido, porém, inspirador.

No auge da guerra civil que se precipitou depois da revolução, em outubro de 1919, as tropas do general contrarrevolucionário Yudenich atacaram Petrogrado, tentando destruir a moral do Exército Vermelho pela tomada da antiga capital, o berço da revolução. Trotsky estava à frente do Exército Vermelho, mesmo não tendo educação militar. Não ficou no Kremlin emitindo ordens pelo telégrafo. Criou um trem blindado e circulava por toda a Rússia indo às frentes militares mais perigosas. Aquelas que exigiam a sua presença para resolver conflitos e dar o exemplo.

Resistindo às objeções de Lenin – que cogitou a retirada de São Petersburgo para concentrar o Exército Vermelho na defesa da Frente Sul – Trotski comandou a defesa, pessoalmente. Montou em um cavalo e lançou-se em direção às linhas inimigas sozinho, para animar tropas em fuga. Aos gritos de ” é Trotsky quem nos lidera” os soldados e oficiais comunistas avançaram e conseguiram reverter a desesperança do exército.
E a cidade foi salva.
Leon Trotsky sabia que a melhor pedagogia é o exemplo.
Oxalá sejamos dignos de seu exemplo.